Bahia: Salvador


Saindo da Praia de Forte, fomos direto a Salvador, primeira capital do Brasil e conhecida como "cidade sede da alegria".

Com uma cultura rica e original, Salvador se modernizou e consegue oferecer uma estrutura perfeita para o turismo, mas respeitando seu ritmo próprio, cadenciado no sobe e desce das ladeiras.

Bahia em família: Salvador

Pelourinho
Como comentei no post anterior, não era minha primeira vez, nem de mamãe em Salvador, mas foi a primeira vez de meu esposo e nosso filho. A ideia era passar pelo menos 4 noites na cidade, fora as 2 diárias na Praia do Forte. Se tivéssemos um pouco mais de tempo, teria ido a Morro de São Paulo e também me hospedado por lá.

Aliás, a Bahia é o maior estado do Nordeste e o que não faltam são opções de lugares interessantes para ir (Ilhéus, Porto Seguro, Chapada Diamantina, Vale do Rio São Francisco...).

Salvador: onde ficar

É bem verdade que muito do que a cidade oferece, em termos turísticos, encontra-se no Pelourinho e imediações, porém, não sei se gostaria de me hospedar nessa região. De manhã é bem movimentado, mas a noite tende a ficar um pouco deserto.

Anoitecer no Farol da Barra
Ficamos hospedados na Barra, mas existem outras excelentes opções, como Pituba e Rio Vermelho. Na Barra, priorizamos a facilidade de nos locomover, inclusive fizemos alguns bons passeios a pé.

Nosso hotel foi o Monte Pascoal, que escolhemos e reservamos pela Hoteis.com. É um hotel de frente para o mar, que fica na Avenida Oceânica (circuito Barra-Ondina, para quem tem o carnaval como referência), com um atendimento atencioso e um bem-servido café da manhã. Ótimo custo-benefício, embora o hotel não seja tão novo.


Quando ir

Iemanjá, na forma de sereia
É possível visitar Salvador o ano inteiro, embora milhares escolham apenas ir durante o carnaval. Talvez, entre os meses de Abril e Junho, as chuvas atrapalhem alguns passeios. As máximas variam entre 26 e 30 graus Celsius durante todo o ano, mas a cidade tem a agradável brisa do mar durante todo o ano.

Vale a pena consultar a Agenda Cultural da Bahia  até mesmo para conhecer as manifestações culturais, além das próprias festas. Dia 02 de fevereiro, por exemplo, é Dia de Iemanjá, quando multidões vão ás praias depositar oferendas para a Rainha do Mar.

O que fazer

1. Pelourinho

Largo do Pelourinho
Salvador é prato cheio para quem gosta de História e visitar o Pelourinho é indispensável para entender parte importante do que era o Brasil no séc. XVI e XVII. Inclusive, o visitante vai encontrar muitas semelhanças com Lisboa, arquitetonicamente falando. E vai encontrar muitas diferenças também, principalmente na influência da cultura de matriz africana e o sincretismo religioso.

Falando nisso, um dos programas que mais gostamos foi assistir a missa que é celebrada nas terças feiras, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Emocionante e envolvente.

Passear pelas ruas de calçamento, subir e descer ladeiras e entrar em lojas de artesanato, tudo isso faz parte do encanto, inclusive ir na loja do Olodum ou mesmo assistir um ensaio (soube que não estavam mais fazendo, mas não encontrei informações mais concretas).


Também recomendamos a visita a Fundação Casa de Jorge Amado, que fica no Largo do Pelourinho, impossível de não se encontrar, além de ir almoçar no famoso Restaurante do Senac, que fica pertinho e serve os clássicos da culinária baiana. Confesso que não fomos dessa vez, mas ainda me lembro da quantidade enorme de doces que comi quando eu fui de outra vez.

Moqueca no Maria Mata Mouro
O restaurante que visitamos no Pelourinho e que gostamos bastante foi o Maria Mata Mouro, pertinho da Igreja de São Francisco. A fachada esconde um local elegante, muito parecido com os restaurantes portugueses. Todas as nossas escolhas foram boas, e apesar do preço ser um tanto quanto salgado, valeu demais.

Assistimos também uma apresentação folclórica, no restaurante O Coliseu, incluindo danças dos orixás e também de capoeira. Antes da apresentação é oferecido um jantar, mas tipo self-service, o que não justificava o valor cobrado do ingresso, pelo menos a meu ver. Mas a presentação é bem variada e os artistas excelentes.

Cuidados básicos no Pelourinho: não levar muito dinheiro, ou usar joias e relógios mais vistosos, e evitar ruas mais escondidas, principalmente a noite. Mas, de verdade, me senti bastante segura e não tivemos problema algum.

2. Igrejas 

Ig. São Francisco
Mesmo para quem não é católico, imagino que seja interessante visitar pelo menos essas igrejas listadas abaixo, até pelo aspecto Histórico e Artístico, já que Salvador é conhecida por sua grande quantidade de igrejas.

Procure conhecer a Igreja de São Francisco, ainda no Pelourinho, com boa parte de seu interior folheado a ouro, e sua vizinha, a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco. Se quiser saber mais dos detalhes, há sempre um guia disponível para apresentar cada uma delas, em troca de uma pequena contribuição.

Além dessas duas, não deixe de ir na que já citamos anteriormente, a do Rosário dos Pretos,  e a Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo, que foi cenário do premiado filme O Pagador de Promessas, e que passou por recente restauro. Infelizmente, não estava aberta quando fomos.

Descendo pelo elevador Lacerda, bem próximo ao Pelourinho e ao lado da Prefeitura, e se encaminhando a esquerda, você vai chegar a outra importante edificação, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, com uma bela fachada revestida com pedra de cantaria, trazida da Europa como lastro dos navios.

Praça da Sé
Bonfim

Além dessas, vale a pena, apesar da distância, ir visitar a famosa Igreja de Nosso Senhor do Bonfim e comprar suas fitinhas por lá. Ao chegar, dirija-se para o interior da igreja e não aceite que lhe ponham fitas no pulso. Depois vai lhe cobrar o valor de 10 fitinhas e lhe constranger. Passe sorrindo e diga não. A igreja tem uma implantação de destaque, pois foi construída em uma elevação e permite vistas interessantes da cidade. Achei muito bonita a Igreja de Nossa senhora da Boa Viagem, mas só vi por fora. Depois, em pesquisas, vi que é belíssima também no interior. Ficará para uma próxima oportunidade.
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem

3. Conhecer a orla


Para fazer esse percurso, alugamos um carro e fomos até a Igreja do Bonfim. De lá, fomos percorrendo trechos da orla, chegando até a Ribeira, onde experimentamos um tradicional sorvete da cidade, que ostenta a foto do polêmico Antônio Carlos Magalhães, vulgo ACM, em suas paredes, pois era assíduo frequentador, pelo que nos disseram.



Continuamos até o Forte de Montserrat e a Ponta de Humaitá. Para tal passeio, fomos seguindo um amigo que mora em Salvador, que nos acompanhou em todo esse percurso, mas acredito que seja tranquilo fazer o mesmo trajeto apenas com o GPS.

Visitamos, em outro dia, o Terminal da Marinha, e aproveitamos para almoçar no restaurante Soho. Um programa bem interessante, que não fizemos dessa vez, mas que recomendo é visitar o Solar do Unhão, onde hoje funciona o Museu de Arte Moderna. É um belíssimo projeto de restauração. Fica próximo à Marinha.

Terminal da Marinha

A própria Barra é bem convidativa para caminhadas no calçadão. A rua nesse trecho que vai desde o nosso hotel até o Farol da Barra e até depois, também  é de calçamento e os carros tem restrição de velocidade e estacionamento. Em relação a banho de mar, vimos muitos banhistas nas areias da praia, bem de frente ao hotel, mas confesso que não experimentamos (em Fortaleza, praia é o que não falta).

Falando em Farol, dessa vez ficamos apenas do lado de fora, mas é possível visitar o monumento, inclusive o Museu Náutico que o mesmo abriga.  Existem várias opções de lanchonetes e bares ao longo da orla da Barra, mas sempre terminávamos a noite em um restaurante quase de frente para o nosso hotel: o Barravento. Vista linda e bom atendimento.


3. Mercado Modelo

Mercado Modelo
Aos pés do Elevador Lacerda, bem em frente, fica o Mercado Modelo, onde é possível comprar artigos regionais e artesanato típico da Bahia.


O mercado original foi inaugurado em 1912, mas sofreu um grande incêndio em 1969 e o Mercado passou a funcionar em um prédio em estilo neoclássico de 1861. No local original foi erguida uma escultura de Mario Cravo Junior.

Porém, em 1984, um novo incêndio destruiu novamente as instalações do Mercado e o mesmo recebeu uma grande reforma, sendo reinaugurado. Se você tiver oportunidade de ir ao Mercado, procure conhecer também as galerias subterrâneas.

Se possível, vá ao Forte de São Marcelo, de arquitetura diferenciada, pois tem a planta em formato circular. O embarque é no Centro Náutico da Bahia, ao lado do Mercado Modelo, onde também é possível embarcar para o passeio às ilhas (Ilha dos Frades, Itaparica).

4. Rio Vermelho

Cozinha  da casa do Rio Vermelho
A orla do Rio Vermelho não é própria para o banho, mas foi revitalizada em 2016, oferecendo várias opções de bares, restaurantes e opções gastronômicas. É o lugar certo para curtir a noite e apreciar um acarajé. Além disso, abriga a Casa do Rio Vermelho, residência de Jorge Amado e Zélia Gattai, que funciona como um museu, bem aos moldes das casas de Pablo Neruda, no Chile.

Cinzas de Jorge e Zelia
Uma dica em relação a Casa do Rio Vermelho: se for de táxi, diga o endereço,que é na Rua Alagoinhas.

Infelizmente, nem todos conhecem esse local e, no nosso caso, o taxista nos deixou em uma loja de móveis com o mesmo nome. Apesar da longa caminhada procurando a casa, adoramos o passeio e ficamos lá por umas 2 horas. A casa é pequena, mas tem um projeto singelo e, talvez por isso mesmo, encantador. O jardim, que é muito agradável e bonito, guarda as cinzas do casal. Na entrada, há uma pequena lojinha, com produtos oficiais.


Vila Caramuru
Na saída, fomos direto (de Uber) para o Acarajé da Dinha, que é um dos mais famosos da cidade. Eu particularmente não curto Acarajé, mas gostei de sentar ao ar livre e depois ir me deciliciar no sorvete do Mondo Gelato.

Voltamos ainda a noite no Rio Vermelho para conhecer o Antigo Mercado de Peixe, conhecido agora como Vila Caramuru. São várias opções com ou sem música ao vivo, em uma estrutura bonita e bem cuidada.

Até a volta, Salvador...

Realmente, fazia mais de uma década que não visitava Salvador e, ir dessa vez, foi como conhecer uma outra cidade, muito mais desenvolvida. Continuo achando Salvador uma das cidades mais bonitas do Brasil, com um povo simpático, original e feliz, mas visitá-la em plenas férias e encontrar tão poucos turistas me desanimou. Um patrimônio como esse, com tanto a oferecer em termos de cultura, culinária, diversão, História, não deveria restringir-se a um destino de Carnaval.
Brasil... Ah, Brasil...

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