Chile: Santiago e Valparaíso


Em 2013, visitamos o Chile em família... Pacote completo: marido, filho, pai, mãe, tia, sogra e sobrinha. Já fazia algum tempo que queria conhecer esse país único, cuja geografia possibilita visitá-lo inúmeras vezes e em cada uma delas ter uma experiência diversa. Por ter disponível apenas uma semana, montei um roteiro básico, que considero o ideal para a primeira de muitas visitas a terra de Pablo Neruda.


Quando ir?

Creio que o Chile tenha seus encantos a cada época do ano. Nossa visita foi ao final de janeiro e início de fevereiro, ou seja, no verão. Para quem mora em uma cidade quente como Fortaleza, achamos as temperatura muito agradáveis, um pouco mais frio logo cedo da manhã. Nessa época, as cidades de veraneio costumam lotar, portanto é melhor reservar hotel em Valparaíso ou Viña del Mar com uma certa antecedência, caso queira ficar um dia ou dois. 


Aeroporto

O Aeroporto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez, conhecido como Aeroporto de Pudahuel ou Aeroporto Internacional de Santiago, é o principal do Chile e um dos melhores da América Latina. Acertamos nosso traslado no Brasil mesmo, um serviço com vans e, como temos amigos queridos no Chile, eles estavam nos esperando no aeroporto juntamente com a motorista da van. É o transporte ideal para quem viaja em grupo. 
No próprio aeroporto, compramos os tickets do Hop On - Hop Off. 
http://www.turistik.cl/tour/santiago-hop-on-hop-off?lang=pt


As paradas estratégicas do Hop On - Hop Off 

É uma excelente opção quando sem tem pouco tempo ou quando se quer ter uma visão geral da cidade logo no início. No caso de Santiago, são 12 paradas. Escolhemos o nosso hotel a partir do mapa de paradas do ônibus, uma boa localização que fosse próxima de uma das paradas, assim aproveitaríamos o máximo do ticket. 
Ficamos em um apart-hotel próximo a Plaza de Armas. A região é central e à noite fica um pouco deserto, mas é muito seguro e bem servido, com lojas e mercados, onde comprávamos suprimentos para o café da manhã e um lanchinho antes de dormir (quem viaja com criança, entende).


Começamos pela Plaza de Armas, onde encontramos a estátua eqüestre de Pedro de Valdívia e a Catedral de Santiago. Uma curiosidade: é muito comum ver cachorros soltos pelas ruas (perro foi  primeira palavra que as crianças aprenderam em espanhol); não se assuste. 
Como os passeios da Turistik começam as 9:30h da manhã e os ônibus passam de meia em meia-hora, você pode ir mais cedo até a Plaza de Armas, ver o entorno e caminhar até o Palácio de la Moneda. De lá, caminhar até a próxima parada, na Plaza de la Constituicón. Informe-se sobre as datas da troca de guarda, pois acontecem de dois em dois dias, as 10:00h, nos dias da semana. Imperdível. 

Fizemos uma volta completa no ônibus, ouvindo sobre a história do Chile, e descendo no Mercado Municipal. Vamos lá: não almoce no Mercado! Já tinha lido sobre isso no Viaje na Viagem  e inclusive alertei os demais companheiros de viagem, porém, quem viaja em grupo tem que ceder muitas vezes.  

A única coisa bacana do almoço foi ver um garçom trazendo uma Centóia enorme na mesa ao lado. Bem mais interessante do que almoçar no Mercado, para mim, foi conhecer bem ao lado a Estação Mapocho, que foi transformada em Centro Cultural: um prédio muito bonito. Foi originalmente construído em 1910 para comemorar o centenário da república.  


Com muitas opções interessantes para almoçar, é melhor seguir no ônibus até o Patio Bellavista, em Providencia, e aproveitar os bons restaurantes e lojinhas. Você pode comprar jóias em lapis lazuli e outras artesanías de Chilehttp://www.patiobellavista.cl/index.php/horario.html

Bem pertinho, localiza-se umas das três casas de Pablo Neruda: La Chascona. Confesso que foi a única que não visitei, pois cheguei depois do horário, mas creio que cada uma delas vale a visita. O poeta, prêmio Nobel de Literatura, é venerado em todo o país e sua influência transcendeu sua obra poética, pois era uma figura original e cativante. 

O Parque Metropolitano é outra parada no ônibus que vale a pena, porém, aconselho ir em outro dia, como fizemos, e com mais tempo e disposição para caminhar. É um programa para algumas horas a mais e, no verão, fica lotado. Infelizmente, quando fomos o funicular estava quebrado. :( Confira os horários e atrações

Finalizamos nosso primeiro dia em Lastarria, no próprio Centro e com opções descoladas de restaurantes e bares. Vale a pena ficar até mais tarde, descansando da vida andarilha ... Nós escolhemos o Sur Patagonico e recomendamos.  

Valparaíso

Acertamos nosso passeio a Valparaíso juntamente com nosso traslado hotel-aeroporto. Muitas pessoas fazem o passeio a Viña Del Mar e Valparaíso como um bate e volta de Santiago. Particularmente, preferimos pernoitar e voltar a Santiago no dia seguinte, passando antes por La Isla Negra. 

Saímos bem cedo rumo a Valparaíso, parando apenas em uma localidade na estrada para comprar doces típicos e ver de perto umas lhamas. Nos avisaram para ter cuidado com elas, pois costumavam cuspir para se defender... Será??? 

Antes mesmo de chegar a Viña Del Mar, paramos no caminho para "molhar os pés" no Pacífico: águas frias e, por toda a costa, placas de alerta de tsunami, que nos fizeram recordar a todo instante o terremoto de 2010. Nessa tragédia, morreram mais de 700 pessoas. Paramos mais uma vez em um mirante para observar o oceano Pacífico, pouco antes de chegar a Viña. 


Lhamas e Oceano Pacífico



Viña Del Mar, conhecida como Cidade Jardim,  é a "prima rica" de Valparaíso: mais organizada e com preços mais elevados. Com prédios históricos convivendo com edifícios modernos, a cidade vive do turismo e tem uma excelente rede hoteleira e restaurantes para todos os gostos. Recebe muitos eventos e tem uma intensa programação de verão. 

Por uma questão de tempo, apenas passamos por Viña del Mar, mas acredito que seja muito bom ficar por lá e diminuir o ritmo um pouco, aproveitando suas belezas de cidade planejada.


Em Valparaíso, a chegada na cidade assusta um pouco. É desordenada e caótica, mas tem seus encantos. Acho fundamental escolher um bom hotel para não agravar essa impressão, pois a aparente desordem é um dos charmes da cidade. 

Recomendo muito a nossa escolha, o RC Art Deco, pois além de sermos muito bem atendidos, o hotel boutique era  charmoso, se assemelhando muito a um barco de madeira.

Após nos instalarmos, corremos para La Sebastiana, casa de Pablo Neruda, bem próxima ao nosso hotel.

La Sebastiana recebeu esse nome como uma homenagem a seu arquiteto, Sebastián Collado. Tem quatro andares e ilustra com toda a clareza a originalidade de seu proprietário. Não há como descrever em palavras cada detalhe e cantinho que encanta todos os seus visitantes. Tem que ir e se encantar com a vista do quarto de casal e com a mesa posta, repleta de taças coloridas.

A noite, aproveitamos para jantar em um restaurante com nome bem sugestivo: Confieso que he comido. Uma bela noite, regada a vinho e uma vista privilegiada de Valparaíso. 

Deixamos o hotel ainda cedo e nos encaminhamos rumo a Isla Negra, para conhecer mais uma das casas de Pablo Neruda... Antes de deixar a cidade, fomos até um dos famosos ascensores de Valparaíso: Artillería. Vale a visita e depois admirar a cidade lá de cima.


Valparaíso
Creio que chegamos em Isla Negra duas horas depois de deixar Valparaíso. Nessa casa, a beira do mar, se encontravam os restos mortais do poeta e de sua amada Matilde. Curiosamente, pouco tempo depois de nossa viagem, o corpo de Neruda foi exumado para que se investigasse se ele havia ou não sido vítima de envenenamento

Ao contrário da casa de quatro andares de Valparaíso, a de La Isla Negra é térrea e isolada. É um centro de visitação totalmente dedicado ao poeta e tem um ótimo restaurante a beira-mar: El Rincon del Poeta. Confira as avaliações. 



La Isla Negra

De volta a Santiago

No dia seguinte, aproveitamos para ver a troca da guarda no Palacio de la Moneda, antes de seguir para nosso próximo programa especial para los niños. Pegamos o metrô, muito limpo e organizado, na Plaza de Armas e fomos até a estação mais próxima do MIM (Museo Interactivo Mirador). Veja como chegar

Se você viaja com crianças, reserve no mínimo umas quatro horas para esse passeio e relaxe! É um exemplo de museu vivo, onde temos a certeza de que o aprendizado pode e deve ser divertido. Até hoje meu filho pede para voltar lá... 

Nesse dia, nos separamos e cada um foi fazer o que queria: eu e meu marido levamos as crianças ao MIM; meu pai foi ao Museu Ferroviário de Santiago; e minha mãe, tia e sogra foram comprar bugigangas no Mercado. Uma dica para manter o bom convívio: dispersar para depois reagrupar!!! ;) 



Vinícola Santa Rita

Nossos passeios incluíram uma visita a uma vinícola. Apesar de ouvirmos muito falar da Concha y Toro, nossos amigos chilenos nos recomendaram que procurássemos conhecer algo "menos turístico" e assim, agendamos nossa visita a Santa Rita logo no primeiro dia da viagem. 

A vinícola é uma das mais antigas do Chile e tem uma história interessante: Doña Paula, a dona da casa principal, escondeu 120 soldados que lutavam pela independência do Chile e que fugiram após a derrota na batalha de Rancagua. A coragem de Doña Paula, enfrentando os espanhóis, foi determinante para salvar essas vidas e, em homenagem a esses 120, o vinho mais popular da vinícola tem esse nome. Doña Paula, por sua vez, foi homenageada com seu nome no excelente restaurante da vinícola. Não deixe de ir! 


Até logo, Chile...


Não recomendo o programa que fizemos no dia seguinte, por razões óbvias: Valle Nevado combina com neve e não com verão. Creio que voltamos na metade do caminho tortuoso e pedregroso... Por que fomos, então? Viagem em grupo... Ha, ha! A maioria, que não pesquisou antes nos blogs e sites de viagem, venceu. Mas foi bom por um lado, pois na descida, conhecemos um restaurante muito bacana: Casa Bosque 

Por isso que digo: tudo vale a pena em uma viagem, até o que dá errado! Esse restaurante parece um cenário de filme, quase uma casa de duendes! E não é nada turístico... Adoramos.

Esse era o nosso último dia de viagem e foi na volta que passamos no Parque Metropolitano. Mesmo cansada, não me rendi e fui sozinha até a última "atração": Cerro Santa Lucia. O cerro foi originalmente utilizado como local de defesa da cidade, mas passou por uma remodelação para as comemorações do centenário da república. É um local belíssimo, com escadarias, esculturas e vegetação, além de proporcionar uma bela vista da cidade. Prepare suas pernas para a subida!



Cerro santa Lucia
Tenho muitas recordações maravilhosas desse país extraordinário. Para nós, brasileiros, fica a indagação do que falta para atingirmos os níveis de educação e desenvolvimento do Chile... Talvez esse sentimento de cidadania que percebemos ao andar pelas ruas. Não sei. Mas a única certeza que tenho é a de que voltarei ao Chile outras vezes, tanto para conhecer o sul, quanto para conhecer o deserto do Atacama. Boa viagem!!!

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