Roma

Roma, cidade eterna... 

Tenho que voltar a Roma! Começo esse texto assim, pois é o que me vem a cabeça desde que saí de lá, pegando um trem rumo a Florença. Que cidade espetacular! Tem um vídeo muito bonito dirigido pelo Franco Zeffirelli, feito para promover turisticamente a cidade, que condensa em poucos minutos toda a dramaticidade que a cidade emana. Melhor do que mil palavras...

Itália: comece por Roma.

Nossa viagem a Itália começou por Roma por um simples motivo: tem que ter gás! Seria muito bom ficar em Roma, como os romanos, exercendo nosso direito de vivenciar o dolce far niente, mas para humildes turistas, nem sempre é possível. Então, aproveitamos o começo da nossa viagem e toda nossa empolgação para bater muita perna por Roma, explorando apenas os principais monumentos, pois ao todo dormiríamos apenas 4 noites na cidade.

Creio que menos tempo do que ficamos seja muito pouco para se conhecer um mínimo que Roma pode oferecer. Ao comprar as passagens, já sabíamos que começaríamos por Roma e selecionamos nossas datas de modo que pudéssemos ver o Papa em uma de suas audiências públicas (quartas-feiras). Então, chegamos na cidade num terça-feira a tarde, tendo até sábado pela manhã, quando deveríamos ir a Florença.

Selecionamos nosso hotel através do Booking e Trip Advisor. Roma tem inúmeras opções de hospedagem, inclusive apartamentos para aluguel por temporada. Escolhemos o Hotel Napoleon  por sua localização (em frente a uma estação de Metrô, no bairro Esquilino), por suas boas avaliações e pelo preço dentro do nosso orçamento. Só tenho coisas boas a falar, inclusive, fomos tão bem atendidos que superou em muito as minhas expectativas. O próprio hotel providenciou nosso traslado do aeroporto, pois entramos em contato previamente.

Roma Pass: atrações e transporte

Nas nossas pesquisas, lemos sobre o Roma Pass, que dá acesso, incluso no seu custo, ao transporte público e a duas atrações turísticas pagas. No aeroporto mesmo, ao chegar em Roma, tratamos de comprar os nossos. Programamos as duas primeiras atrações pagas de modo a que fossem os ingressos mais caros: Coliseu e Galleria Borghese. Talvez, ao fazer suas contas, você ache que o valor do mesmo acabe compensando o valor que seria gasto com transporte e ingresso, mas não esqueça do seu bem mais precioso: tempo. O Roma Pass dá o privilégio de "furar a fila" nessas atrações!

Primeira Noite: Trattoria Vecchia Roma

Antes de viajar, fizemos uma busca de restaurantes próximos do hotel para desfrutarmos nossa primeira noite na cidade, sem necessidade de muitos deslocamentos. E graças ao Trip Advisor, selecionamos, entre tantas opções, a Trattoria Vecchia Roma. Não é um restaurante turístico, tendo sido a nossa melhor refeição na Itália.

Como não havíamos feito reserva, passamos por lá, reservamos uma mesa e voltamos pouco mais de uma hora depois. Já havíamos pesquisado outros bares e, enquanto esperávamos, fomos conhecer o Bar Ornelli, que fica a uns 2 quarteirões do Vecchia Roma. Foi muito bom! Enquanto tomávamos uma cerveja deliciosa, petiscávamos todo tipo de tira-gostos maravilhosos por conta da casa.
Ainda voltamos mais uma vez em outra noite para experimentar o fabuloso sorvete artesanal de outro estabelecimento da família a  Gelateria Pasticceria Ornelli. Hummm...

Quarta-feira: dia de Papa Francisco e Vaticano

Nosso roteiro contemplava esse dia de visita ao Vaticano e, naturalmente, queríamos ver e ouvir o Papa Francisco, de quem pessoalmente sou fã.

Para agendar uma Audiência Papal é só seguir as instruções desse site com a Agenda do Papa. No nosso caso, depois da viagem toda programada, acabamos não recebendo a confirmação da nossa audiência, pois se tratava de uma Quarta-Feira de Cinzas. Então soubemos que seria em uma Audiência Geral. Vi o Papa bem de longe, mas guardei bem as suas palavras.

Logo em seguida, fomos aos Museus do Vaticano, cujo ingresso já havíamos comprado antecipadamente para evitar filas (não é contemplado pelo Roma Pass). Fomos inclusive fora do nosso horário, mas entramos sem problemas. O complexo é enorme e exige um certo tempo, tendo ao final a famosa Capela Sistina, cujo teto foi decorado por Michelangelo.

Considero que seja interessante pesquisar antes o que você mais quer ver, para que o excesso de informação não torne a visita cansativa.

Escola de Atenas
Os pontos altos, na minha modesta opinião, são a sala decorada por Rafael com a pintura A Escola de Atenas, o teto da Capela Sistina (que invariavelmente está lotada e com os guardas dizendo a todo tempo "no photo") e a escadaria de Giuseppe Mormo, que mesmo eu sendo arquiteta, ainda estou tentando entender até hoje... Procure se informar do que não é permitido levar ao Museu.

Como terminamos nossa visita a tempo de almoçar, resolvemos experimentar o restaurante do Vaticano: péssimo. Foi caro e nenhum de nós quatro foi feliz nas escolhas... Deveríamos ter procurado um pouco mais outras opções fora do Museu, mas estávamos com fome e ainda teríamos nossa visita a Basílica de São Pedro.

Vaticano
A experiência de estar na Piazza San Pietro  é muito impactante. Seu desenho, espaço gerado pela colunata, tudo atesta a genialidade de Bernini e a força do Barroco já influenciando o Clássico.
Vaticano
É possível agendar uma visita guiada (e paga) a Basílica de São Pedro e escapar das filas. Do contrário, pega-se a fila e entra gratuitamente. Apesar de termos pego uma longa fila, ela andava rápido e em pouco tempo estávamos no interior da igreja, admirando a Pietá de Michelangelo.

Pietá
A escultura está logo a direita, protegida por um vidro, assim que se adentra na Basílica. O vidro é graças a um idiota enfurecido que cometeu um atentado contra a obra de arte. Também a direita, um pouco mais a frente, é possível ver o túmulo do Papa peregrino, João Paulo II.

Baldaquino
A igreja é impressionante e foi ricamente decorada com mármore e ouro, além das esculturas e pinturas fabulosas de renomados artistas, entre elas, a mais marcante, na minha opinião, é o Baldaquino de Bernini. Imponente e dialoga lindamente com a cúpula de Michelangelo.

Curiosamente, se atribui a Michelangelo o desenho da farda da Guarda Suíça Pontifícia, responsável pela segurança do Papa desde 1506.

Ufa... Depois desse dia intenso, o que mais poderíamos fazer além de bater mais perna, agora rumo a Trastevere. Ao sair da Basílica, compramos algumas bugigangas e fomos andando até um ponto de ônibus que nos levaria ao Trastevere, um bairro boêmio muito frequentado em Roma e como muitas opções para comer.

O Trastevere é bem autêntico e até um pouco detonado, mas muito do seu charme aí reside. 
Nossa primeira parada foi no Barccanalecom muitas opções em cerveja/birra e wifi liberado pra gente matar a saudade da família.


Ainda perambulamos mais até chega a Praça de Santa Maria em Trastevere. Só vimos a Basílica por fora, pois já estava fechada, mas acompanhamos a noite chegar ouvindo músicos de rua. 

Nossa última experiência gastronômica da noite foi no Grazie e Graziella. Não me lembro realmente o que comemos, mas acestinha de pães no começo era perfeita. Foi uma noite e tanto. 
Como o Trastevere não é assistido por metrô, ao final da noite, voltamos de ônibus até chegar a estação mais próxima e então retornamos exaustos, porém realizados, ao hotel.



Quinta-feira: ruínas

Dentro da lógica do Roma Pass, de aproveitar as atrações mais caras primeiramente, já tínhamos nos programado para visitar o Coliseu, Forum Romano e Palatino nesse dia.
Pegamos o metrô logo após um café bem reforçado (não almoçamos nesse dia) e iniciamos pelo Coliseu. Não entramos em fila, pois tínhamos o Roma Pass e em poucos minutos estávamos dentro. Na verdade, ainda pegamos uma pequena fila, para pegar um videoguia, que tinha opção de Português.
Se você estiver acompanhado e não se incomodar de ajustar seu ritmo ao do parceiro, pode alugar um só aparelhinho e dividir os fones de ouvido, um para cada.

O Coliseu é impressionante, mesmo sendo aquele cartão postal conhecido de todos. As informações do videoguia são relevantes e e me lembro nitidamente de uma frase ao final: da próxima vez que você voltar ao Coliseu vai conhecer uma nova informação, pois estão sempre descobrindo algo novo sobre o Coliseu.Tem ainda uma lojinha de souvenirs e livros para agradar quem você não levou a viagem.

Logo na saída do Coliseu, encontramos o Forum Romano, tendo o Arco de Constantino ao lado e, pouco mais a frente o Arco de Tito. O Forum é na verdade uma praça cercada de ruínas de edificações representativas que ajudam a contar a História de Roma, como o Templo de Vênus e Roma, Templo de Saturna e Templo das Vestas.


O Forum era o centro comercial de Roma e de certa forma, foi o centro do mundo. Ao continuar nossa visita, encontramos o Palatino, que é uma das sete colinas e Roma e onde a cidade teria começado. O Palatino tem, entre outras atrações, uma bela vista para o Coliseu. Encerramos essa etapa de nosso passeio pelas ruínas de Roma e partimos para a Fontana di Trevi.

Pegamos o metrô e descemos numa estação próxima à Fontana e ainda caminhamos um pouquinho. Bem perto da Fontana di Trevi, há um restaurante que nos foi recomendado, Il Chianti. Passamos por lá e reservamos uma mesa para quando voltássemos da Fontana.

Um dos cartões postais mais românticos de Roma, a Fontana de Trevi ficou famosa após o filme La dolce vida, de Federico Fellini, onde a atriz Anita Ekberg se banhava na fonte e gritava: - Marcello, come here! E o Marcello Mastroiani pulou junto... Presenciamos uma cena linda na fonte: um pedido de casamento. Um rapaz pediu a namorada em casamento lá e toda a multidão que estava no entorno aplaudiu entusiasmada. É claro que antes de sair, jogamos nossas moedinhas e fizemos nossos pedidos para retornar. Bom, reza a lenda que se você jogar uma moeda, volta a Roma, se jogar duas, em Roma encontra o amor e se jogar três moedas, casa em Roma. Nosso jantar no Il Chianti foi muito bom.

Ao chegar no Hotel, eu e meu marido decidimos explorar um pouco mais a região e fomos a Gellateria Ornelli experimentar o gelatto mais delicioso que eu tinha provado até então. Depois caminhamos calmamente pela Via Merulana até chegar a Basilica di Santa Maria Maggiore, que é a maior igreja dedicada a Maria em Roma. Pena que não tivemos mais tempo de visitá-la pela manhã.

Sexta-feira: caminhando por Roma e Villa Borghese

Nosso último dia efetivamente em Roma começou pela Piazza della Repubblica e de lá fomos caminhando pela Via Nazionale, passando na frente da Chiesa di San Paolo Entro le Mura (São Paulo dentro dos Muros), Basilica di San Vitale, que fica num nível abaixo da rua e que, infelizmente não visitamos, Palazzo delle  Esposizione, Santa Caterina da Siena a Magnanapoli e chegando até o Mercati di Traiano - Museo dei Fori Imperiali.

Devo confessar que só apreciamos o Forum de cima. Depois de uma overdose de ruínas no dia anterior, preferimos apenas "sentir" a cidade nesse dia. Apreciamos ainda a Coluna de Trajano , toda decorada em baixo relevo e que conta como foi a vitória dos romanos contra os dácios.
Após esse percusso, caminhamos até a Piazza Venezia, cujo Altare della Patria  é um monumento dedicado ao Rei Vittorio Emanuelle II. Caminhamos então até chegar a Chiesa del Gesutalvez a igreja mais bonita que tenha visto até agora.


 O exterior chega a ser singelo, embora muito elegante. No interior, a pintura no teto é indescritível. Assista esse video e tente distinguir pintura de escultura: trompe-l`oeil.

O trabalho do arquiteto Giacomo Vignola teve profunda influência na arquitetura religiosa, sendo essa igreja uma referência para as futuras igrejas barrocas, inclusive no Brasil. A fachada é de Giacomo della Porta e os afrescos de Giovanni Battista Gaulli. Após esse momento de beleza e reflexão, continuamos nossa caminhada até o Panteão.

 Passamos em frente a Basilica Santa Maria Sopra Minerva, que tem o obelisco com o elefante a frente. Sinto realmente não ter entrado...

O Pantheon merece uma visita com calma. Era originalmente um templo dedicado a todos os deuses, sendo um primor da engenharia com sua belíssima cúpula erguida em 125 d.C. Está em perfeito estado de conservação, em parte graças a sua utilização como templo cristão, que o livrou do destino do Coliseum, por exemplo, que teve grande parte do seu mármore utilizado para construir igrejas.


O Pantheon também é a morada dos restos mortais de italianos ilustres como: o Rei Vittorio Emanuelle II e o pintor Rafaello Sanzio.

Saímos do Pantheon e nos dirigimos a Piazza Navona, uma das mais belas de Roma. Seu formato de "navio" deu origem a seu nome e suas belas fontes trazem beleza e frescor para os dias mais quentes, sendo a fonte central é projeto de Bernini e se chama a Fontana dei Quattro Fiumi (fonte dos quatro rios).

As laterais são obra de Giacomo della Porta, a Fontana di Nettuno e a Fontana del Moro. A praça estava repleta de artista de rua expondo seus trabalhos e, entre outras edificações de importância, lá está o Palazzo Pamphilj, sede da embaixada do brasil na Itália.

Escolhemos o Bar Tre Scalini, no entorno da praça, para descansar um pouco e degustar o almoço acompanhado de uma bela taça de vinho. Agora uma dica: esse estabelecimento é famoso por sua sobremesa chamada Tartufo. Experimente.

Nosso horário reservado para a Galleria Borghese era por volta das 17;00h. Mesmo com o Roma Pass, foi necessário agendar por telefone o horário de entrada na Galleria Borghese. Pelo menos até a época que nós fomos, não era possível agendar por e-mail no caso de usar o Roma Pass. Então, nossa primeira providência ao chegar em Roma, foi pedir ao concierge do hotel que fizesse isso por nós.

Saímos da Piazza Navona pelo menos uma hora antes e pedimos informação para pegar um ônibus até  Villa Borghese. Não achamos as informações tão claramente, mas encontramos pessoas solícitas que nos ajudaram sobre qual ônibus pegar e parada a descer. Além disso, nosso companheiro de viagem fez uma excelente aquisição: comprou um chip da TIM, que usamos bastante para buscar informações na internet.

A Villa Borghese foi originalmente uma residência do Cardeal Borghese e, além da Galeria, abriga os belíssimos Jardins da Villa Borghese. Um lugar realmente muito agradável e bem frequentado. Na entrada do museu, tivemos que deixar nossas bolsas e câmeras e só então começamos o percurso.

Na minha opinião é o melhor museu de Roma. É possível olhar as obras com bastante calma e apreciar o edifício em si. Talvez as obras mais famosas sejam as pinturas de Caravaggio, porém, mesmo com meus estudos de História da Arte, não posso negar o impacto que eu senti ao ver Apollo e Daphne, de Bernini. Assim como O Rapto de Persefone. Inesquecível.

Da Galleria, com a noite chegando, fomos direto para a Piazza di Spagna. Tem a escadaria que leva até a igreja Trinità dei Monti, além de uma fonte conhecida como La Barcaccia, de Bernini, só que o pai, Pietro Bernini, que teria tido ajuda do filho, Gian Lorenzo. Infelizmente, a fonte estava em reforma quando a visitamos. Um dos acessos a praça é a famosa Via dei Condotti, famoso por suas lojas de marcas de luxo.

Em nossa última noite em Roma, escolhemos o Panella, mais uma vez próximo ao hotel, principalmente pelos aquecedores e rua, pois estava realmente muito frio, mas achei um tanto quanto caro. Ficamos repassando todos os momentos incríveis, pois de manhã já iríamos para Florença.

Sábado: Ciao, Roma...

Nós despedimos do Napoleon Hotel com um belo café da manhã e excelente atendimento de seu staff e fomos para a Estação Termini. Compramos os bilhetes nos caixas de auto-atendimento e aguardamos nosso trem. Aí vai a última e preciosa dica: existem alguns paineis tradicionais/fixos com os horários e plataformas do trens e existem os painéis eletrônicos, que mudam a toda hora, como nos aeroportos. Fique atento aos eletrônicos! Nós perdemos nosso trem e só embarcamos uma hora depois, embora sem custo adicional, pois esperamos na plataforma errada. Outra coisa: cuidado com as pessoas que se oferecem para ajudar a encontrar seu trem. São insistentes, invasivos e fomos alertados pela polícia, que muitos são descuidistas. Fora isso, tudo bem! Aproveite sua viagem de trem e relaxe até chegar ao próximo destino, que no nosso caso foi Florença.

Ah, tenho que voltar a Roma! 







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