Amsterdã

Ir a Holanda, principalmente visitar Amsterdã, sempre foi um sonho... E essa viagem já estava sendo adiada há pelo menos um ano devido a desvalorização de nossa moeda. Porém, enfrentamos o momento e adaptamos o roteiro. Viajamos só as amigas e essa opção deu uma dinâmica interessante à viagem. Foi bom relembrar as primeiras viagens da vida adulta, aquelas que se faz com os amigos, colegas de faculdade, muitas vezes racionando os trocados (perrengues de universitário)... Bom, não somos mais universitárias, mas que uma viagem rejuvenesce a alma, ah, como rejuvenesce!

Amsterdã, uma cidade original

Caminhando ao longo do Prinsengracht
Engraçado que quando a gente anuncia que vai pra Amsterdã, tem sempre alguém que diz "hummmm", geralmente acompanho de um risinho de canto de boca. E quando a gente diz que vai sozinha, sem o marido??? Aí o risinho se abre numa gargalhada.

Bom, o fato é que Amsterdã carrega essa aura "libertina" e até creio que a própria cidade incentive essa imagem. É verdade, o cheiro da "maresia" está no ar, as prostitutas se oferecem nas vitrines já pela manhã e os habitantes são bem liberais. Só que Amsterdã não se resume a isso e se apresenta como uma cidade com museus sensacionais, acessível em termos de transportes, muitos restaurantes bacanas (thanks, Trip Advisor) e totalmente preparada para o turismo. Ou seja, é uma cidade para todos os públicos.

Ah, ainda na preparação para a viagem, a imensa quantidade de informação disponível na internet ajuda muito, muito mesmo. É quase impossível entrar em roubada, mas mesmo assim vou passar umas dicas aqui que não encontrei em minhas pesquisas.


Quando ir?

Poucas cores em plena primavera...
Na primavera, se possível. O que apuramos nos blogs, incluindo o Ducs Amsterdam (muito bom, por sinal) é que a cidade tem um clima frio e, mesmo no verão, as temperaturas não passam de 22° C.  Fomos em Abril, quando se inicia a primavera, mas se você puder ir em Maio, recomendo fortemente. No verão, viajar pela Europa é sempre um pouco complicado: cidades lotadas e tudo mais caro...

O ideal seria o seguinte: verifique quando é abertura e o encerramento do Keukenhof e vá na metade final do período de funcionamento do parque. Eu, por exemplo, não vi flores fora do parque, apenas nos vasos e jardineiras, além do Mercado de Flores. As árvores estavam apenas começando a ganhar folhas e, a temperatura chegou a uns 6°C (com vento frio).

Onde ficar?

Arco-íris de boas vindas
Taí outra coisa que assusta em Amsterdã: hospedagem é muuuito caro! Prepare-se... Sabe aquele "hotelzinho pequenininho, antiguinho" e no centro, bem perto de tudo? Uma fortuna! E as opções também se esgotam rapidamente. Então, comprou a passagem, comece logo a pesquisar hospedagem. Em nossos caso, não vi muita vantagem financeira na comparação com o Airbnb, mas penso que teria sido bacana ficar hospedada em um barco.

Como os valores de hotéis razoáveis (3 ou 4 estrelas) que fossem mais "centrais" estavam fora do nosso orçamento, buscamos na Hoteis.com um que atendesse os quesitos "preço, parcelamento e possibilidade de cancelamento" e, acabamos ganhando em "conforto". Nesse caso, no lugar de localização, buscamos um hotel que permitisse o deslocamento fácil, ao lado de uma linha de TRAM, o Best Western Premier Hotel Couture. É um hotel executivo, com quartos confortáveis e moderno. E, ao chegar no hotel, quase no pôr do sol, somos presenteados com a vista ao lado...

Então, qual a minha recomendação? Se você tem um orçamento mais confortável, fique próximo a Museuplein, ao Vondelpark. Nas proximidades da Praça Dam e da Estação Central, acho muito turístico, mas é perto de tudo. Achei bem legal o De Pijp, menos "turistão" e bem localizado. O Joordan, dependendo de onde for não é tão acessível assim... Fora que foi o único lugar onde achei as pessoas antipáticas, mas ficando nas proximidades da Westerkerk, tranquilo.

O que fazer?

Bom, primeiro de tudo, veja como está a previsão de tempo quando você estiver na cidade. Escolha o dia mais ensolarado para visitar o Keukenhof e deixe o dia com maior possibilidade de chuva para os museus.

Em relação aos museus, caso você goste de visitá-los, vai descobrir que Amsterdã é um prato cheio. Nesse caso, vale a pena adquirir ainda no aeroporto o I Amsterdam Card, um cartão que dá direito ao transporte público na cidade e acesso ou desconto em várias atrações. Nós compramos o de 72h e aproveitamos bastante, mas é um cartão bem caro. Se você vai a Amsterdã, por exemplo, pretendendo visitar apenas a Casa de Anne Frank ou o Rijkmuseum, não adianta adquirir o cartão, pois não estão inclusos (o segundo tem apenas desconto). Se for só para se locomover, é possível comprar um passe temporário de transporte público (GVB) que contempla ônibus, TRAM , metrô e balsa. Esses passes de transporte estão a venda em vários pontos da cidade.

Os museus que eu visitei, inclusos no I Amsterdam Card, são: Van Gogh Museum, Rembrandt Huis, Stedelijk Museum e Museu Van Loon. Gostaria de ter ido ao Hermitage também, mas não houve tempo. O passe também dá direito a um passeio de canal,que nós fizemos pela empresa Blue Boat. Então, para a dúvida se o cartão vale a pena ou não, vai depender basicamente se você gosta de visitar museu. Se não gostar, não compre.


Chegando em uma grande cidade: primeiras providências

Ao chegar no aeroporto Schiphol, fomos imediatamente comprar o I Amsterdam Card. Tem uma loja já próximo da saída em que se pega o táxi. Assim como também compramos em uma loja, lá mesmo, um chip para internet (você explica que quer comprar um sim card). Acho que é uma excelente aquisição.

Como em outros aeroportos e estações do mundo, sempre aparecem "figuras" se oferecendo para lhe ajudar a pegar táxi (clandestino) e dar informação (errada). Agradeça e vá em outra direção, sempre de olho em seus pertences.

Só baixa caloria: burgers, cerva e
batata frita... He, he,he
Os táxi credenciados são confiáveis e dispostos em uma fila organizada. É possível pegar transporte público também, mas no nosso caso, como estávamos em quatro, o custo do táxi rateado e compensou bem mais.

Chegamos ao pôr do sol no hotel e, como já tínhamos feito uma pesquisa de restaurantes próximos, trocamos de roupa e fomos conhecer o Drovers Dog: hamburguer e cerveja de primeira! Aliás é sempre uma dica bacana se você chega tarde no seu primeiro dia: buscar restaurantes menos turísticos, nas redondezas do hotel, de preferência.


Primeiro Dia: centro 

No dia seguinte, pegamos o TRAM 2 e fomos direto para a Praça Dam. O TRAM é um bonde, uma excelente opção pra se locomover observando a cidade. Atenção: é necessário fazer o check in e o check out (passar o bilhete ou cartão ao entrar e ao sair do bonde).


Gorro e luva na primavera, um pouco de azul no céu e o
Palácio Real ao fundo, na Praça Dam
A Dam é uma praça que acolhe as edificações mais importantes da cidade (da época, lógico) e serve como local para o comércio. Hoje, recebe turistas e artistas de rua. Não é bonita, seu principal monumento é particularmente sem graça, embora com uma razão importante: homenagem aos que morreram na Segunda Guerra Mundial. O curioso é que justamente esse dia foi o mais frio e nublado de nossa viagem, contrastando em muito com o que se espera da Primavera. Li em um blog que não precisava de luva e gorro nessa época do ano... Precisa sim, viu!

Bicicletas quietinhas...
As principais edificações ao redor da praça são o Niuwe Kerk (tentei visitar por duas vezes e a encontrei fechada) e o Palácio Real. De lá, é possível ir caminhando pela Damrak até a Estação Central.

Uma observação muito importante: fique atento às bicicletas! Em Amsterdã, a sensação que tive foi que elas têm prioridade em relação aos pedestres, inclusive os atropelamentos não são incomuns. Entenda que as pessoas não estão passeando de bicicleta, elas se locomovem pedalando e muito rapidamente, por vezes sem tempo hábil para frear para um turista distraído. Cheguei a ouvir de um guia a expressão "killer bikes". Exagero à parte, fique atento, principalmente se estiver consultando o google maps no smatphone. ;)

Basílica de São Nicolau

Oude Kerk
Conhecemos a Estação, e depois fomos caminhando até chegar a Basilica de São Nicolau, a igreja católica mais antiga de Amsterdam. O interior é muito bonito e, particularmente, achei muito interessante visitar, logo em seguida, uma igreja protestante, a Oude Kerk, que é talvez a construção mais antiga da cidade e, segundo o que pesquisei, teria sido inicialmente dedicada a também São Nicolau. Bacana comparar o ornamento de uma contrapondo com a austeridade da outra... Coisas de arquiteta. ;)


Outra informação: a primeira igreja tem entrada gratuita, a outra não, porém a Oude Kerk se trata de um dos monumentos cuja entrada está contemplada no I Amsterdam Card.

Interior da Oude Kerk
A Oude Kerk situa-se do De Wallen, o Red Light District e, ao sair de lá, já é possível procurar as famosas "vitrines", onde as prostitutas fazem seu marketing de venda direta. Na verdade, é uma questão complicada a prostituição e logicamente não há um consenso, mas é fato que as prostitutas estão mais protegidas com a regulamentação da profissão, fora que a proibição nunca impediu que a mesma continuasse a existir... Particularmente, me causou desconforto ver as meninas como se fossem um produto. Ah, não tire fotos delas nas vitrines!


Batatas...
A questão das drogas também é muito comentada por quem vai ou pretende ir a Amsterdã, lembrando que no momento a venda e consumo da maconha é permitida dentro dos coffee shops, embora o cheiro da "maresia" esteja no ar, por todos os lados, ainda muito cedo pela manhã, inclusive próximo da Oude Kerk.

Mas existem "drogas liberadas, ricas em gordura e carboidratos" e consumidas amplamente em todos os lugares: a batata frita! Um conselho: nem que seja para dividir com uma turma, compre um desses cones de batata frita e capriche na maionese! É a cara de Amsterdã e é muuuuito gostoso!


Westerkerk
Continuamos nossa caminhada pela cidade, rumo a Westerkerk e a Casa de Anne Frank. No caminho, passamos pelo Il Panorama e demos uma esticadinha até a Winkel 43. Confiram aí as avaliações no Trip Advisor. Em relação a Westerkerk, é uma bela igreja e se impõe na paisagem, mas infelizmente, não consegui visitá-la para ver seu interior, pois nas duas ocasiões em que fui, estava fechada para o público. É possível subir na torre e ver a vista, creio que o  ingresso seja em torno de  10 euros, mas não subi. Fui direto encarar a fila para a Anne Frank Huis.

Fila? Sim, uma fila imensa a qualquer hora do dia. É possível comprar o ingresso antecipadamente pela internet, mas a minha antecedência de 2 meses não foi suficiente. Então, sugiro que caso você queira visitar o museu, que eu gostei muito por sinal, defina seu roteiro o quanto antes e compre o ingresso com o máximo de antecedência possível. Inclusive, entrou em vigor um novo sistema de entrada, então é bom checar no site assim que decidir qual a época que vai. 


A casa de Anne Frank não era originalmente a casa da família, era na verdade a fábrica da qual o pai de Anne era diretor, porém virou sua moradia pelos dois anos em que ficaram escondidos para tentar escapar dos nazistas. É uma visita emocionante, onde mais vale o que aconteceu e a reflexão que nos provoca como visitantes do que a "exposição" em si. O museu tem um café com vista para a lateral da Westerkerk.

De lá, caminhamos pela cidade e encerramos em um restaurante perto da Praça Dam, que não chamava atenção alguma, mas que tinha uma lasanha deliciosa: Hasta la Pasta

Segundo dia: Museus

Museuplein
Existem as vantagens e desvantagens de programar um dia todo só para os museus. No caso de um cartão ou passe de horas, é necessário que se aproveite o tempo de validade a partir do primeiro uso, nesse sentido, é bom concentrar. O desfio é não ficar muito cansativo e, ao final, você ter ido ao museu apenas para "cumprir tabela".



Nesse dia, começamos nossa visita pelo letreiro I Amsterdam, na Museuplein. Me parece que existem outros 2 letreiros, mas esse é o mais conhecido. É lógico que essa é a hora da foto que "prova" que você esteve lá... Porém, a praça é tão bacana, que aconselho você a tirar logo a foto (quanto mais cedo você for, melhor, porque tem menos gente "embaçando" a sua foto) e ir curtir o espaço urbano. Os principais museus, além do Concertgebouw, estão dispostos no entorno da praça, que é arborizada e tem um grande espelho d`água. Além disso, há artistas de rua, crianças brincando, "fazedores" de bolha de sabão... 

Van Gogh
Stedelijk Museum
Nosso primeiro museu foi o  Van Gogh, que é uma aula de como fazer um museu realmente interessante. Se alguém não gostar desse museu, pode desistir e nunca mais pisar em museu de arte. Aconselho adquirir o videoguia na entrada, porque a experiência é mais completa. A entrada está inclusa no I Amsterdam Card, assim como o Stedelijk Museum, que é de arte moderna. Gostei mais do prédio até do que das obras em si, mas é um museu importante e, se você quiser ampliar um pouco mais seus horizontes, vale a pena. Entre os dois museus a gente fez uma pausa para o almoço e fomos ao Blushing Amsterdam, com uma proposta mais saudável: delícia. 



O nosso terceiro Museu do dia foi o Museu Nacional, o famoso Rijksmuseum. Seu único inconveniente é que fecha as 17h (não somente a entrada, mas a permanência no museu) e para ter uma experiência mais tranquila, recomendo pelo menos umas 2 horas de visitação. Como todo grande museu, se você não tem tanto tempo, é fundamental escolher o que é mais interessante ver. No caso, como a Ronda Noturna, de Rembrandt, é a obra mais renomada do acervo, começamos direto pelo segundo andar, onde se pode admirar também obras de Vermeer.


Rijksmuseum
Ao sair de lá, fizemos o passeio de barco no Blue Boat, que é próximo aos museus e também do Vondelpark (já havíamos nos programado nesse sentido; logística é muito importante em uma viagem). Eu gostei do passeio de barco, mas confesso que esperava um pouco mais... Pela escala da cidade, talvez, a visão a partir do barco tenha ficado prejudicada.

Na saída, demos uma voltinha no Vondelpark, mas aí eu confesso que era eu que não estava mais aguentando de tanto andar... Antes de ir para o hotel, fomos até a Leidsenplein, praça onde existem vários bares e bem turística, e jantamos no Casa di Sergio. Na saída, fomos ao Bulldog e compramos o famoso Magic Cake (bolinho de maconha). Minha opinião sincera? Sem futuro... Tome duas ou três tacinhas de vinho (ou vá logo de baseado), que é melhor.

Terceiro dia: Mercados

Bloemenmarkt
Achei interessante combinar os mercados (ou feiras) com dois outros museus que queríamos visitar, além do Begijnhof (veja mais informações nesse blog). 

Começamos o dia visitando a Rembrandt Huis ou Casa de Rembrandt, também incluso no Card: pequeno e bem interessante, pois mostra como vivia o maior pintor holandês e sua família, em sua casa mobiliada como quando ele lá viveu.



Stroopwafel


Na saída, logo atrás da casa, passamos rapidamente pelo Mercado de Pulgas, o Waterlooplein Markt. É possível comprar todo tipo de quinquilharias e nós achamos umas coisinhas interessantes. 

De lá, fomos até o Mercado flutuante das flores, o Bloemenmarkt, cujo expositores ficam em balsas ao longo do canal. Foi muito bom ver flores em uma primavera tão fria. Foi aí que fizemos uma paradinha para comer o Stroopwafel bem a moda holandesa, tapando a boca da xícara de café. 





Begijnhof


Depois, seguimos até o Begijnhof, um pátio interno de casas bem típicas, construído por volta de 1300, que não é visível da rua, apenas sua porta de acesso.

Programe-se para ir cedo, pois também fecha as 17h. Fico imaginando como ia ser legal morar aí, se não estivesse tão lotado de turistas...



Museu Van Loon, pátio
A seguir, visitamos outro local incluso no passe, o Museu Van Loon, uma residência de família abastada e toda conservada, mostrando a evolução da decoração e vestuário, ao longo de um certo período de tempo. Interessante ver como o lote da propriedade ia de uma rua a outra, possuindo um lindo pátio interno.

Não conseguimos ir ao Albert Cuyp Markt nesse mesmo dia, mas fomos em nosso último dia na cidade. É tido como o maior mercado a céu aberto da Europa, mas, para ser sincera, não tive essa impressão. É esse o melhor momento para comprar bugigangas turísticas (camisas, imãs, canecas, etc).


Depois de mais um dia de caminhadas, voltamos ao hotel e experimentamos outro restaurante fora do circuito turístico, o Woest. Hummmm...


Outras coisinhas mais...

Um brinde a Amsterdã
Ainda pudemos aproveitar mais 3 noites em Amsterdã, fora os outros passeios que fizemos  (vou complementando nos outros posts sobre essa viagem). Conhecemos o bairro De Pijp, onde se situa a Heineken Experience (que não visitamos), e muitos bares bacaninhas, inclusive o Pilsvogel (que cerveja deliciosa)... Caminhamos por outra vez no Jordaan, mas não foi tão legal: e pensar que troquei ir a Haarlen por essa caminhada.

Nunca vi tanta gente bonita, como em Amsterdã e, no geral, fomos sempre muito bem atendidas (tirando o Jordaan), com todo mundo falando inglês e muito solicito, quando a pessoa não sabia falar ou se enrolava. Achei o ritmo de vida tranquilo e, de frenética, só as bicicletas em alta velocidade.


Sem contar com os bate-voltas, Amsterdã é uma cidade que requer no mínimo quatro dias inteiros, então, no seu planejamento, reserve esse tempinho para curtir essa cidade incrível. Você não vai se arrepender!

Olha o verde começando a aparecer...







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